quarta-feira, janeiro 24, 2007

Otário dá em árvore III

§ 4

Eu trabalho, entre outras coisas, como palestrante. Falo para empresários, mas principalmente para professores. Estava numa palestra numa cidade do Mato Grosso – vou contar o milagre, mas não quero indicar o santo – e contava a história de Minas do restaurante serve-serve. Uma professora ergueu o braço e perguntou:
– Por que ele fez esta confusão?
– Na verdade era difícil entender o nome em inglês, eu disse, então, obedecendo o mesmo processo de aprendizagem das crianças, ele repetiu o que entendeu por aproximação. Como fazia algum sentido aquilo que me dizia, passou a adotar aquela explicação.
A professora, indignada, insistiu na pergunta:
– Mas como ele confundiu restaurante (sic) cê se serve com restaurante serve-serve?
Eu sorri e me calei.

§ 5

Quem me contou esta história foi o grande poeta e crítico paranaense Sérgio Rubens Sossélla, portanto eu reputo que seja verdadeira e, como ele já morreu, eu não quero que a história morra também. Disse-me ele, que estava presente a uma palestra, na Universidade Federal do Paraná, do poeta e semiólogo Décio Pignatari. Depois de uma hora e meia de explanação sobre a presença dos signos verbivocovisuais em poesia, uma senhora se levanta e, para o espanto de todos, diz bem alto:
– Olha aqui seu Décio, faz uma hora e meia que o senhor está falando da presença dos tais signos verbais, vocais e visuais em poesia e eu até agora não entendi nada.
Décio, com aquele jeito calmo que lhe é peculiar, disse educadamente:
– Minha senhora, poesia a gente não entende, poesia a gente sente, sente minha senhora?
Ela sentou.

2 Comments:

At 7:55 PM, Anonymous Anônimo said...

Oi professor!
Nossa, eu lembro dessa do "cê se serve" de uma aula sua! E o pior: as meninas que tavam sentadas atrás de mim ficaram indignadas, procurando o erro! Foi duplamente engraçado (ou seria... lamentável?).
Legal o seu blog! Parabéns pela forma que escreve...
Um abraço, até mais!

 
At 8:56 PM, Anonymous Anônimo said...

Olá meu amigo Nailor. Numa bela noite de sexta, num bar de Sinop, discutimos sobre uma bela televisão, se era de plasma ou lcd, qdo de repente surge uma voz feminina: - Não é lcd não! É LG!

 

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