terça-feira, maio 08, 2007

O poeta que há em mim I

Cara e Coroa

O amor não dá carona

Convida a voar

O amor não tem consciência

O amor tem consciência demais

O amor chora e nem é notado

Então ri quando se percebe só

O amor é nó sobre nó

Faz fuxico, manha

O amor de manhã vira pó

Bota o amante pra fora

Esquenta o leite e faz café

O amor vai ao supermercado

E só compra geléia de morango

O amor detesta chuchu

Mas come com gosto

No azul do primeiro encontro

O amor é doce e ponto

O amor nunca é uma oração subordinada

É coordenado

Aditivo e descoordenado

O amor não quer regras

É agramático, apolítico e aético

O amor rói as unhas

Fica dodói

Se mói de ciúmes

Vai à janela e enxerga o vazio

Espera doído um telefonema

O amor tem sempre um problema pra resolver

O amor canta errado no banheiro

E ri feliz

Porque sabe que a felicidade

Está sempre por um triz

O amor é de carne e osso

Mais osso

Mais tutano

O amor é ponto perdido

Entre Saturno e Urano

O amor está em constante pagamento

Mas o amor é pobre

Não tem lenço, nem documento

Só identidade de mentirinha

Carteirinha de clube

O amor vai ao circo

Vira palhaço

Brinca de mágico

Tira moeda da orelha

E flores do coração

O amor é brincalhão

Pede o que não pode

Dá o que não tem

O amor está sempre devendo o amor

O aluguel

E a última prestação da casa própria

O amor ia mudar de país

Mas descobriu

Que o amor não tem nação

Que ele é apenas

Uma criança levada

Que se esconde em qualquer coração.

Nailor Jr.

5 Comments:

At 9:20 PM, Anonymous Anônimo said...

Amemmmm!!! graças a Deus o lado poetico voltou a ser mostrado para nós!!!
Simplismente lindo professor espero que voce volte a publicar seus poemas, inclusive publique impresso!
Grande Abraço...

 
At 2:20 PM, Blogger Ontofágico said...

Sem dúvida, o seu mais belo "lado" é o poético. Acho que mais do que o palestrante, professor, ou político(!!!). Já li outras poesias suas perdidas pela net.
Esse Amor é escondido na criança, mas a própria criança já está escondida pois não está mais aparente nos adultos. É um escondido do escondido, pelo menos eu assim senti na suas palavras de poeta. Onde e Quando ele aparece se é tão obscuro? Não sei... talvez seja um milagre. Uma Borboleta pousando em meu ombro...

 
At 12:43 PM, Anonymous Anônimo said...

Florbela Espanca te espanca!

 
At 2:45 AM, Blogger Bruna Geminiano said...

Faz juz ao título, realmente,
há um GRANDE poeta no senhor professor! Parabéns e continue postando obras suas!

 
At 6:00 PM, Anonymous Anônimo said...

lindo! lindo! lindo!
é simplesmente um amor esse amor
parabéns.!!!!

 

Postar um comentário

<< Home