A ignorância é indigesta I
§ 1
Oswald de Andrade escreveu um poema sobre gente que fala aquilo que imagina ser e não aquilo que realmente é. No poema O gramático, dois negros discutem sobre o espantar de um cavalo perto deles:
os negros discutiam
que o cavalo sipantou
mas o que mais sabia
disse que era sipantarrou
Eu vivi isso na pele, como disse uma vez Bocage, às vezes a emenda ficar pior do que o soneto. No condomínio em que moro dois funcionários discutiam sobre problemas no estômago:
– Eu não güento mais de inzia, meu estami tá queimando demais.
– Larga de ser ingnorante, ô jacu, não é estami, é estâmbago.
§ 2
Minha irmã, Suzana, foi parada na rua por uma senhora que precisava de ajuda.
– Por favor, a senhora sabe me dizer onde fica a Rua da Biária?
– Rua da Biária?... Rua da Biária?... Perguntava-se minha irmã, querendo ajudar.
– É Rua da Biária?
– Fica aqui pelo centro? Eu moro aqui há bastante tempo e não conheço essa rua.
– Não rua, moça. Ruadabiária, onde a gente pega o ômbidus.
4 Comments:
Nossa, essa da sua irmã é demais, =D
Mais será que os mesmos povos com a ingnorancia indigesta nao se entendem?
Ruadabiária... essa foi boa :)
Nossa, sou um leitor francês um pouco ignorante, e não entendia nada do poema de Oswald antes de ler isso. Então sipantou = espantou... Obrigado.
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