terça-feira, junho 05, 2007

O poeta que há em mim IV

Meu amor quando tântrico

Eu quero amar essa mulher tão longa e profundamente
Que de tanto ser amada, não possa distinguir entre coração e mente
Que todas as suas florestas escuras sejam incendiadas
Pelo sol das manhãs dos dias muito frios, em lugares muito quentes
Que de tanto ser amada, seus navios circum-naveguem
Os sete mares desconhecidos e atraquem em portos inseguros
Que o cítrico de sua fruta úmida de veludo
Seja um gole de água fresca em desertos inacessíveis
Que de tanto ser amada, as meninas sedentas de seus olhos
Urrem de prazer solitário como cadelas errantes

Eu quero amar essa mulher tão longa e profundamente
Que as horas que passarmos juntos
Não possam ser medidas por um relógio comum
Que o mel espumante de nossos beijos molhados
Seja o alimento necessário, seja o pão da vida
Que as nuvens cinzas que insistem em cobrir de tédio os dias de sol
Sejam dissipadas por um simples passeio de mãos dadas
E que a delicadeza de um olhar macio e prolongado
Seja o catalisador da primavera nas flores
E o maestro que rege o canto dos pássaros vadios

Eu quero amar essa mulher tão longa e profundamente
Que o ato de amar seja uma razão em si mesmo
Que as almas perdidas das pessoas sem amor sejam aliviadas desse fardo
Que o riso fácil das crianças inocentes pareçam estúpidos
Diante do espetáculo de vida que a fusão absoluta de carnes propicia
Diante do poder de luz que almas que se entregam irradiam
Diante do vigor inesgotável dos corpos dos amantes
Diante, enfim, do sentido inquestionável que a vida adquire
Para os que se amam, se entregam, se permitem
E morrem de vida, ao viver desse amor


Nailor Marques Jr.

2 Comments:

At 9:14 PM, Anonymous Anônimo said...

Lindo esse poema! Simplesmente perfeito! A sua aula hoje, foi um máximo (falando do exemplo de Machado de Assis no extensivo). Serviu-me de um grande incentivo, principalmente agora prestes ao vestibular. Continue assim professor, adoro suas aulas, elas são as melhores. Você me faz refletir muito com seus comentários. PARABÉNS!

 
At 11:20 PM, Anonymous Anônimo said...

É normal ao terminar de ler escorrer uma lagrima de emoçao diante de algo tao belo assim?

E é normal sentir uma pontinha de inveja de alguem que escreve tao maravilhosamente?

 

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