domingo, janeiro 27, 2008

Novo poeta argentino

Segue agora mais uma tentativa de transcriação:
Espacios
Roberto Juarroz
¿Dónde está la sombra de un objeto apoyado contra la pared?
¿Dónde está la imagen de un espejo apoyado contra la noche?
¿Dónde está la vida de una criatura apoyada contra sí mismo?
¿Dónde está el imperio de un hombre apoyado contra lala muerte?
¿Dónde está está la luz de un dios apoyado contra la nada?
Tal vez, en esos espacios sin espacio
esté lo que buscamos.
Transcriação
Espaços
Onde está a sombra de um objeto apoiado na parede?
Onde está a imagem de um espelho apoiado sobre a noite?
Onde a vida de uma criatura apoiada em si mesma?
Onde está o imperio de um homem apoiado sobre a morte?
O está a luz de um deus apoiada sobre o nada?
Talvez, nesses espaços sem espaço
Esteja justo o que buscamos.

sábado, janeiro 26, 2008

Diário da Argentina II

Todos que me conhecem sabem que não simpatizo com Che Guevara. Não propriamente por ele, mas pela perpetuação de um jeito antigo de ver o mundo que a imagem dele incita. Veja quantyos idiotas como Chávez, Evo Morales, Maradona e um bando de petralhas ainda o reverenciam. Não me conformo com os jovens hoje que ainda cultuam a imagem de uma pessoa que sequer conhecem. Che é como Marx, a maior parte das pessoas que falam dele, não têm a menor idéia de quem foram ou do que pregavam. São os conhecedores de orelhada, que é um mal muito arraigado no Brasil. Falam de um herói romântico e desconhecem seu lado assassino, executou peesoalmente milhares de pessoas no pós-revolução. Falam de sua amizade com Fidel e nem imaginam que Fidel o lançou para a morte na selva, porque incomodava os planos de Moscou.
Bom, não importa, não estou aqui para falar mal ou bem. Como estou em Buenos Aires estudando espanhol resolvi que começarei uma série de traduçoes de autores argentinos. Para mim será um exercício e para os meus poucos leitores uma possibilidade de encontrar textos lindos que não são publicados no Brasil.
Por que comecei falando de Che, porque li um de seus poemas, que ele declama uma parte no filme Diários de motocicleta, e quero apresentar para todos. Sem nenhum ressentimento, é o poema de homem, não de um mito. Segue o texto original e a minha pretensa tradução, ou melhor, transcriação.
Endrucijada
Che Guevara

Nos separaba de la calle
el cristal empañado de lluvia
Yo estaba lejos del mundo,
hoja caída en el remanso de su llanto.

Ella era menuda y tierna
y se hacia más menuda entre mis brazos
y más tierna bajo mis ojos.
Entre nosotros y la calle
y la lluvia y el cristal de la ventana
eran dos abismos de plata.

La vida estaba allí naufragando en sus ojos
la belleza dormía en sus senos perfumados
la luz – toda la luz – se me daba en su boca
la humanidad – mi humanidad – era ella.

Más allá del cristal
más allá de la lluvia
Pasaron…
Yo separé los ojos de ella
para verlos pasar.

Marcharan chapoteando el barro
los pies descalzos.
Desfilaban los rostros anochecidos de hambre.

Y las manos encallecidas de miseria
y las almas curvadas de injusticia
y las voces amanecidas de odio
desfilaban los pies descalzos.

Iba la madre con el hijo al cuadril
y el anciano rumoreando penas
y el mozo flameando bandera,
iban de frente hacia la vida
armoniosamente rebeldes.

No sé si me lo gritaran ellos
o si me lo gritó yo mismo.
Pero en las filas, de los que pasaban
estaban mi puesto, mi bandera y mi grito.

El cristal enpañado de lluvia
esfumaba los rasgos de la calle
por donde pasaban los míos.
Volví los ojos hacia ella
que se hacia casi yo entre mis brazos
y le dije:
- Me llaman los que pasan.

Sus ojos empañados
se me separaban de su alma
como el cristal con lluvia
me separaba de la calle.

Me dijo lentamente:
- No te vayas.

Y se hizo más menuda entre mis brazos
y me ofreció su boca palpitante
y sentí junto a mi, temblorosos sus senos.

Yo escuchaba chapotear en el barro
los pies descalzos
y presentía los rostros anochecidos de hambre.

Mi corazón fue un péndulo entre
ella y la calle…

Yo no sé con qué fuerza me libré de sus ojos
me zafé de sus brazos.
Ella quedó nublando de lágrimas
su angustia.
Tras de la lluvia y del cristal
pero incapaz para gritarme:
- ¡Espérame!
¡Yo me marcho contigo!


Encruzilhada

Nos separava da estrada
o vidro embaçado de chuva.
Eu estava longe do mundo
folha caída no remanso de seu pranto.

Ela era pequenina e terna
e se fazia ainda menor em meus braços
e mais terna sob meus olhos.
Entre nós dois e a estrada
e a chuva e o vidro da janela
havia dois abismos de prata.

A vida estava ali naufragando em seus olhos
a beleza dormia nos seus seios perfumados
a luz – toda a luz – me dava a sua boca
a humanidade – minha humanidade – era ela.

Para além do vidro
para além da chuva
eles passaram...
Separei meus olhos dos olhos dela
para vê-los passar.

Caminhavam pisoteando o barro
os pés descalços
desfilavam os rostos anoitecidos de fome.

E a mãos calejadas de miséria
e as almas curvadas de injustiça
e as vozes amanhecidas de ódio
desfilavam os pés descalços.

Ia a mãe com seu filho na cintura
o velho ruminando penas
e o moço flamejando uma bandeira,
Ian de frente fazendo a vida
harmoniosamente rebeldes.

Não sei se eles me gritaram
ou se fui eu mesmo que me gritei.
Mas nas filas dos que passavam
estavam meu lugar, minha bandeira e meu grito.

O vidro embaçado de chuva
confundia a linha da estrada
por onde passavam os meus.
Voltei meus olhos para ela
que estava quase dentro dos meus braços
e lhe disse:
- Chamam-me os que passam.

Seus olhos anuviados
separavam-me de sua alma
como o vidro com a chuva
separava-me da estrada.

Disse-me ela lentamente:
- Não vá.

E se fez mais pequenina em meus braços
e me ofereceu sua boca palpitante
e senti junto a mim seus seios trêmulos.

Eu escutava o pisotear do barro
dos pés descalços
e pressentia os rostos anoitecidos de fome.

Meu coração tornou-se um pêndulo
entre ela e a estrada...

Eu não sei com que forças me libertei de seus olhos
me safei de seus braços.
Ela ficou nublando de lágrimas a sua angústia
por trás da chuva e do vidro,
mas incapaz de gritar-me:
- Espera por mim!
- Vou caminhar com você!

Transcriação: Nailor Marques Jr









sexta-feira, janeiro 18, 2008

Diário da Argentina

Estou em Buenos Aires faz quase uma semana estudando espanhol, vim para cá como muita gente do mundo todo. A maior parte dos alunos vem do Brasil e, apesar de ser professor há 25 anos, me dei conta de uma coisa terrível: nossos alunos sao os piores do planeta. Nao é à toa que sempre ficamos com os últimos lugares nos exames de avaliacao internacional.
Os alunos de outros países: russos, noruegueses, suecos, franceses, italianos, mesmo os americanos que costumam ser panacas de plantao, levam mais a sério a escola do que os nossos meninos. Todos dizem aqui que os brasileiros vêm para estudar nos "boliches" (boates por aqui). Dormem nas aulas, chegam atrasados, nao fazem as licoes de casa, faltam. O Brasil é um país com sérios problemas. Meus leitores amigos, eu conto com vocês para revertermos esse quadro.
Um idiota da minha classe teve a audácia de dizer quando a professora perguntou o que ouvíamos de bom no Brasil, em termos de música, BANDA KALYPSO. Na hora eu disse: " Entao nós nao moramos no mesmo Brasil".
P.S: Está sem alguns acentos e sinais porque o teclado daqui nao tem.

segunda-feira, janeiro 14, 2008

Filosofia para 2008 V

Amigos desse time que nao pára de crescer, estou em Buenos Aires estudando espanhol, comecei meu curso hoy, 14 enero, por isso vai um ditado argentino como mensagem para este ano fantástico. Escreveram aqui, mas pensaram nos políticos brasileiros:
"Se os filhos-da-puta voassem, jamais veríamos o sol"

sexta-feira, janeiro 11, 2008

Filosofia para 2008 IV

Agora que já somos quase uma comunidade, proponho mais pensamentos exóticos para ano que acaba de entrar. Os mais otimistas dizem que já podemos formar um time de futebol de campo com dois lados, um com camisa e outro sem. Será?
Sérgio Rubens Sossélla, de quem eu fui grande amigo, talvez um dos maiores poetas-críticos que o Paraná já viu, se estivesse vivo, deixaria aqui também dois textos seus. Como não está, eu busco em sua coleção de pérolas, duas sugestões:
1)
a morte
não é a pior coisa
na vida de um homem:
é a última.
2)
viva todos os dias de sua vida
como se fosse o último:
um dia você acerta.

terça-feira, janeiro 08, 2008

Filosofia para 2008 III

O número de leitores está aumentando vertiginosamente, agora já quase podemos montar um time de futebol de salão. Portanto, daremos prosseguimento à sessão filosófica para o ano que se inicia. A fonte inspiradora agora é o poeta sulmatogrossense, Manoel de Barros. Seguem seu dois conselhos ou bobices, como diria o próprio.
1) O que não acaba no mundo é gente besta e pau seco.
2) Arqueólogos escovam ossos por amor, eu que escrevo, escovo palavras.

domingo, janeiro 06, 2008

Filosofia para 2008 II

Agora que sei que eu tenho um pouco mais de dois leitores, quero responder a um pedido. É verdade, em entrevista recente na televisão, eu disse que meus lemas de vida eram duas frases, uma minha, outra do Picasso. Alguém me pede que as repita aqui como outra filosofia para o ano que entra. Lá vão:
1) Picasso: "Eu não procuro, eu acho"
2) Minha: "O que a vida não me der, e for meu, eu tomo"

terça-feira, janeiro 01, 2008

Filosofia para 2008

Para todos os meus quase dois leitores, eu deixo, neste início de ano, a filosofia do poeta paraibano, Jessier Querino. As duas máximas são perfeitamente aplicáveis ao nosso douto presidente:

1) Aprender nunca é demais, mas aprender nunca, é demais.

2) Politicagem é o acento circunflexo da palavrinha cocô.