segunda-feira, janeiro 29, 2007

Otário dá em árvore IV


§ 6

Numa de minhas temporadas de palestra no Mato Grosso aconteceram situações hilárias para dizer o menos. Eu estava em companhia de um amigo, Edson, que me agenciava no estado e num mesmo dia vivemos quase um roteiro de comédia.
Eu precisava escanear uma foto para um trabalho novo que me fora encomendado. Fomos até uma loja de fotocópias e produtos de informática para que o serviço fosse feito. Vistas da calçada pareciam duas lojas independentes, mas de dentro de uma delas podíamos ver que eram uma só, apenas separadas por uma parede, mas o balcão interno era o mesmo para as duas.
Fomos atendidos por um garoto, de uns 14 anos, perguntou o que queríamos, eu expliquei e ele disse que ali não faziam, só na loja ao lado. Eu pedi então a ele que fizesse, eles se recusou que era só na loja ao lado.
– Mas nós teremos que sair e entrar lá? Perguntei.
– Sim, ele respondeu com certo espanto pelo “inusitado” da pergunta.
Saímos, entramos pela outra porta e qual não foi a nossa surpresa quando fomos atendidos pelo mesmo garoto que perguntou:
– Sim, vocês querem o quê?
§ 7
O mesmo garoto, depois de um silêncio constrangedor, fez o escaneamento da foto e perguntou:
– Você quer mais alguma coisa?
– Não, salve a foto em disquete ou cd que para mim já está bom.
– Mas nós não vendemos cds, nem disquetes.
– Sim, e como eu faço para obter a foto que você escaneou?
– Eu não sei, o senhor pediu para eu escanear, agora levar a foto é com o senhor.

quarta-feira, janeiro 24, 2007

Otário dá em árvore III

§ 4

Eu trabalho, entre outras coisas, como palestrante. Falo para empresários, mas principalmente para professores. Estava numa palestra numa cidade do Mato Grosso – vou contar o milagre, mas não quero indicar o santo – e contava a história de Minas do restaurante serve-serve. Uma professora ergueu o braço e perguntou:
– Por que ele fez esta confusão?
– Na verdade era difícil entender o nome em inglês, eu disse, então, obedecendo o mesmo processo de aprendizagem das crianças, ele repetiu o que entendeu por aproximação. Como fazia algum sentido aquilo que me dizia, passou a adotar aquela explicação.
A professora, indignada, insistiu na pergunta:
– Mas como ele confundiu restaurante (sic) cê se serve com restaurante serve-serve?
Eu sorri e me calei.

§ 5

Quem me contou esta história foi o grande poeta e crítico paranaense Sérgio Rubens Sossélla, portanto eu reputo que seja verdadeira e, como ele já morreu, eu não quero que a história morra também. Disse-me ele, que estava presente a uma palestra, na Universidade Federal do Paraná, do poeta e semiólogo Décio Pignatari. Depois de uma hora e meia de explanação sobre a presença dos signos verbivocovisuais em poesia, uma senhora se levanta e, para o espanto de todos, diz bem alto:
– Olha aqui seu Décio, faz uma hora e meia que o senhor está falando da presença dos tais signos verbais, vocais e visuais em poesia e eu até agora não entendi nada.
Décio, com aquele jeito calmo que lhe é peculiar, disse educadamente:
– Minha senhora, poesia a gente não entende, poesia a gente sente, sente minha senhora?
Ela sentou.

terça-feira, janeiro 23, 2007

Otário dá em árvore II

§ 2

Fiz uma viagem, como guia, já que ministro aulas de Literatura, acompanhando meus alunos pelo circuito histórico de Minas. No roteiro estavam várias cidades importantes do ciclo do ouro e, em muitas delas, o almoço estava incluído num restaurante típico do lugar. Em Ouro Preto o serviço constava de um bufê de saladas, feijão, tutu, torresmo, milho refogado e todas as comidas típicas da culinária mineira. Os garçons passavam servindo carnes. Um deles se aproximou de mim e ofereceu:
– Lingüiça ou frango?
– Quero um pedaço de carne branca, eu disse, porque adoro frango, mas gosto do peito.
O garçom, um tanto aborrecido, respondeu:
– carne branca não tem, só lingüiça ou frango.

§ 3

Na mesma viagem a Minas, chegamos para almoçar em Congonhas do Campo, o almoço não estava incluído, pois não havíamos planejado comer naquela cidade. Perguntei a um guia local:
– Você um bom restaurante para que possamos almoçar aqui por perto?
– Vá até o final daquele muro, é um clube, lá tem bom restaurante serve-serve.
– Serve-serve, eu perguntei.
– É serve-serve, disse ele confiante. É novo, o senhor se serve e se quiser se serve de novo.

segunda-feira, janeiro 22, 2007

Otário dá em árvore I

É difícil acreditar, mas existem coisas mais absurdas do que votar no Lula, no Chávez, no Morales, no Kirchner ou em outros idiotas latino-americanos. Quando eu ouço a banda Kalypso entendo o que Schopenhauer quis dizer com: “não há nada tão desgraçado na vida de alguém, que ainda não possa ficar pior.”

§ 1

Eu estava numa pizzaria, dessas que servem rodízio e os donos, querendo ser criativos, inventam nomes peculiares para as pizzas e ninguém consegue saber efetivamente do que se trata. O garçom passa e me oferece:
– Pizza dois amores?
Eu, sem entender direito, perguntei:
– O que é dois amores?
– Uma pizza! Ele afirmou confiante.

sexta-feira, janeiro 19, 2007

O Catador de sonhos


Aquele homem podia se chamar Pedro, José, Antônio, mas há momentos na vida que nomes são totalmente desimportantes.
Quando chegava em casa, debaixo de uma chuva torrencial, naquela tarde de sábado de dezembro de 1998, já levemente alcoolizado, vindo de um churrasco de formatura de meus alunos do Colégio Nobel, em Maringá, no Paraná, vi um homem catando papéis velhos de um container de lixo, desses que costumam estar na frente dos prédios. Era ele o catador sem nome. Mas de presença inequívoca.
Entrei na garagem e tomado de um remorso enorme, de uma culpa existencial, de um vazio por dentro, desses que todos somos assolados vez por outra quando nos deparamos com a miséria humana. Pensei que pudesse tomar o elevador, sem maiores preocupações, afinal não havia sido eu quem colocara aquele homem na situação em que se encontrava. Não pude, no entanto, subir nem um degrau da escada, nem esperar o elevador, nem me mover para nenhum lugar que não fosse na direção dele.
Senti muita culpa de, nesse dia de descanso, eu estar feliz e embriagado, indo para a cama em plena tarde, aproveitar a boa chuva que caía e saber que aquele homem estava lá fora, trabalhando e sabe-se lá quanto tempo iria permanecer assim. Pensei que pudesse comprar minha consciência dando algum dinheiro para ele.
Elaborei um pequeno plano para não ofendê-lo, já que não era um pedinte, era apenas um homem pobre trabalhando para ganhar seu sustento e, talvez, de sua família. Retirei uma nota de dez reais da carteira, molhei no chão para fingir que havia encontrado e então poderia dar a ele, como se tivesse sido ele a encontrá-la.
Parei diante do homem e com voz dissimulada perguntei-lhe: “o senhor é um homem de sorte?”
Sem parar de fazer seu trabalho, o estranho apenas me olhou e disse: “sim, acho que sim. Eu cato papel velho na rua para sustentar minha família e todos os dias eu consigo papel suficiente para comer e morar. Ganho mais ou menos uns oito reais por dia. É o suficiente.”
Quando ele me disse que tinha sorte, eu pensei em mim mesmo e na vida que levava, muitas vezes reclamando por nada e de nada. Contei que havia achado aquela nota, que inclusive ainda estava molhada e que não achava certo que ela ficasse comigo, porque não precisava dela e então resolvi dar a ele, e dei.
O homem pegou o dinheiro, com uma alegria natural e me disse o que nunca esperei ouvir: “viu como sou um homem de sorte. Hoje lá em casa vamos comer até carne!”
Aquele homem podia se chamar Pedro, José, Antônio, mas era apenas um homem, um catador de papéis, que, hoje, me ensinou a ser um catador de sonhos.

quinta-feira, janeiro 18, 2007

Chávez e o menino Lula

– Estamos aqui reunidos nesta noite para a fundação da União Jovem para a Defesa dos Ideais Democráticos. Palmas. Esta agremiação de natureza suprapartidária e plural representará um marco na defesa dos direitos políticos, civis, patrióticos e de livre manifestação do pensamento e da expressão da vontade da juventude. Palmas, urros e muitos bravos. Uma grande nação só se faz com uma juventude ativa, participante bem-informada e calcada nos verdadeiros princípios da democracia.
O salão foi tomado por uma grande algazarra que misturava vivas, pulos, assovios e palmas, era a própria desordem aclamando a vitória da ordem. Alguns, mais afoitos, dançaram com músicas improvisadas vindas de MP3 ou celulares.
– Calma, calma, silêncio, silêncio, gritou alguém querendo controlar os arroubos de felicidade e permitir que a sessão continuasse.
A multidão jovem se aquietou o suficiente, alguns diminuíram as músicas e dançaram mais contidos, outros fumavam ou bebericavam sentados extasiados com tanta liberdade vindoura.
– Sem maiores delongas, companheiros, e para a prosperidade e sucesso de nossa empreitada, como fui eu que convoquei todos aqui presentes para este momento memorável, eu me declaro presidente provisório por dois anos, quando então serão convocadas eleições gerais, diretas, livres e democráticas, porque esse é o espírito do nosso grupo e o nosso propósito primeiro. Saudemos este dia! Gritou o novo presidente democrático com grande entusiasmo.
Vivas, palmas e urros cobriram todo o salão e inundaram a vizinhança. O primeiro presidente da União Democrática saiu carregado pelos amantes da democracia que ele representava e duramente defendia. A multidão desfilou por toda a cidade apresentando seu líder democrático;
– Chávez! Chávez! Chávez! Chávez!
O menino Lula assistiu a tudo... comovido.

Livros à venda

Nos meus e-mails e às vezes pessoalmente as pessoas me perguntam quais dos livros que escrevi ainda estão à venda e onde podem ser comprados. Bom, eu como boa parte dos autores desse país não tenho distribuição, já tive, mas com experiências nem sempre boas. Então vendo direto nas palestras ou pela internet no www.atelierderedacao.com.br, ele vai pelo correio e autorgrafado, se for do desejo do comprador.
Os livros que estão à venda são;
1) Educação para a felicidade (nele falo sobre o verdadeiro papel do professor no século XXI e como se constrói uma postura interdisciplinar. Veja que eu disse postura e não aula. Esse trabalho é resultado da palestra O Papel do professor e a postura interdisciplinar).
2) Educação para as inteligências (retomo o papel do professor, mas agora sob ótica do aproveitamento do que ensina. Trabalho, inclusive com demostração prática, com o processo de construção de aula usanda as inteligências múltipas dos drs Gardner, Goleman e Hoffman, o livro é resultado de palestra homônima).
3) Será o Benedito? (um dicionário de origem de expressões, pretendo inclusive ir colocando algumas no blog ao longo do tempo. A intenção livro é saciar a curiosidade e colorir a fala e as dos professores e palestrantes).
4) A Lei de Zeca & outras leis (são vinte artigos sobre ética e conduta. O trabalho tem sido como disparador em reuniões escolares e empresariais. O tema é espinhoso, mas tratado de forma tristemente divertida).
5) 20 vezes Brasil (são vinte e um artigos sobre o comportamento do brasileiro em sociedade e uma proposta para repensar a nossa conduta enquanto nação que se pretende grande).
6) Vieira: dois sermões éticos (livro escrito em parceria com a professora Giovana Fontes, no qual analisamos o conteúdo ético de dois dos maravilhosos sermões do pe. Antônio Vieira: Sermão da sexagésima e Sermão da terceira dominga do advento).
7) A Caverna dos sete sábios (é ficção e foi escrito pensando em conselhos de sucesso que eu gostaria que alguém me desse. Dois amigos se conhecem no norte da África, em 1193, um italiano e um grego, e viajam juntos e direção da Grécia central, lá encontram a tal caverna e recebem conselhos de sete sábios que viveram antes de Sócrates).
8) Olhar e Ver: a oportunidade mora ao lado (é um e-book, lá o ouvinte me verá falando sobre o reco hecimento de oportunidade na vida pessoal e profissional, analiso casos de visões bem e mal sucedidas. O e-book é resultado de palestra homônima que tenho feito para muitas empresas no Brasil todo).

quarta-feira, janeiro 17, 2007

A Lei de Zeca

Amigos, uma coisa me deixou muito feliz, foi ver algumas de minhas muitas matérias perder a identidade. Drummond dizia que o máximo para um escritor era quando um de seus poemas ou escritor ganhavam fama e anonimato. Isso aconteceu comigo com dois artigos, que eu tenha notícia comprovada, um deles é a A Lei de Zeca, que dá título a um dos meus livros.
Sei que esse artigo anda pela internet em centenas, talvez milhares de páginas. Já vê-lo citado pelo Luís Nassif, pelo Shiniashik e por dezenas de outros articulistas e vários jornais eletrônicos ou virtuais. No entanto, percebo que em cada lugar alguém acrescenta ou suprime um pequeno detalhe, faz crítica ou elogio. Recebi e-mails de muitas pessoas condenando ou elogiando, não interessa, o fato é que o assunto virou e hoje vejo em muitos lugares a "Lei" sendo citada, sem que o orador saiba da sua origem. Quem já leu o conto O Anel de Polícrates, de Machado de Assis, sabe do qeu estou falando e quem não leu, deve ler.
Segue agora para que todos conheçam, a versão original, como está no meu livro:
A lei de Zeca

Diz uma história, que numa cidade apareceu um circo, e que, entre seus artistas, havia um palhaço com o poder de divertir, sem medida, todas as pessoas da platéia e o riso era tão bom, tão profundo e natural, que se tornou terapêutico. Todos os que padeciam de tristezas agudas ou crônicas eram indicados pelo médico do lugar, para que assistissem ao tal artista, que possuía o dom de eliminar angústias.
Um dia, porém, um morador desconhecido procurou o doutor, tomado de uma profunda depressão. O médico então, sem relutar, indicou-lhe o circo, como o lugar de cura de todos os males daquela natureza, de abrandamento de todas as dores da alma, de iluminação de todos os cantos escuros do nosso jeito perdido de ser. O homem nada disse, levantou-se, caminhou em direção à porta e quando já estava saindo, virou-se, olhou o médico nos olhos e sentenciou: “não posso procurar o circo... aí está o meu problema: eu sou o palhaço”.
Como professor, vejo que, às vezes, sou esse palhaço, alguém que trabalha para construir os outros e não vê resultado muito claro daquilo que faz. Tenho a impressão que ensino no vazio (e sei que não estou só nesse sentimento), porque depois de formados meus ex-alunos parecem que se acostumam rapidamente com aquele mundo de iniqüidades que combatíamos juntos. Parece que quando meus meninos caem no mercado de trabalho, a única coisa que importa é quanto cada um vai lucrar, não importando quem vai pagar essa conta e nem se alguém vai ser lesado nesse processo. Aprenderam rindo, mas não querem passar o riso à frente e nem se comovem com o choro alheio.
Digo isso, até em tom de desabafo, porque vejo que cada dia mais meus alunos se gabam de desonestidades. Os que passam os outros para trás são heróis e os que protestam são otários, idiotas ou excluídos, é uma total inversão dos valores. Vejo que alguns professores partilham das mesmas idéias e as defendem em sala de aula e na sala de professores e se vangloriam disso. Essa idéia vem me assustando cada vez mais, desde que repreendi, numa conversa com alunos, o comportamento do cantor Zeca Pagodinho, no episódio da guerra das cervejas e quase todos disseram que o cantor estava certo, tontos foram os que confiaram nele. “O importante professor é que o cara embolsou milhões”, disse-me um; outro: “daqui a pouco ninguém lembra mais, no Brasil é assim, e ele vai continuar sendo o Zeca, só que um pouco mais rico”, todos se entreolharam e riram, só eu, bobo que sou, fiquei sem graça. O pior é quando a gente se dá conta que no Brasil é assim mesmo, sente-se maio sem saída, parece que só o que vale é a lei de Gérson: “o importante é levar vantagem em tudo”. A pergunta é: é possível, pela lógica, que todo mundo ganhe? Para alguém ganhar, é óbvio que alguém tem de perder.
A lógica é guardar o troco a mais recebido no caixa do supermercado; é enrolar a aula fingindo que a matéria está sendo dada; é fingir que a apostila está aberta na matéria dada, mas usá-la como apoio enquanto se joga forca, batalha naval ou jogo da velha; é cortar a fila do cinema ou da entrada do show; é dizer que leu o livro, quando ficou só no resumo ou na conversa com quem leu; é marcar só o gabarito na prova em branco, copiado do vizinho, alegando que fez as contas de cabeça; é comprar na feira uma dúzia de quinze laranjas; é bater num carro parado e sair rápido antes que alguém perceba; é brigar para baixar o preço mínimo das refeições nos restaurantes universitários, para sobrar mais dinheiro para a cerveja da tarde; é arrancar as páginas ou escrever nos livros das bibliotecas públicas; é arrancar placas de trânsito e colocá-las de enfeite no quarto; é trocar o voto por empregos, pares de sapato ou cestas básicas; é fraudar propaganda política mostrando realizações que nunca foram feitas (assim como costuma fazer a dupla sertaneja Lula e Duda). É a lógica da perpetuação da burrice. Quando um país perde, todo mundo perde. E não adianta pensar que logo bateremos no fundo do poço, porque o poço não tem fundo. Parafraseando Schopenhauer: não há nada tão desgraçado na vida da gente, que ainda não possa ficar pior.
Se os desonestos brasileiros voassem, nós nunca veríamos o sol. Felizmente há os descontentes, os lutadores, os sonhadores, os que querem manter o sol aceso, brilhando e no alto. A luz é e sempre foi a metáfora da inteligência. No entanto, de nada adianta o conhecimento sem o caráter. Que nas escolas seja tão importante ensinar Literatura, Matemática ou História, quanto decência, senso de coletividade, coleguismo e respeito por si e pelos outros. Acho que o mundo (e, sobretudo, o Brasil) precisa mais de gente honesta do que de literatos, historiadores ou matemáticos. Ou o Brasil encontra e defende esses valores e abomina Zecas, Gérsons, Dirceus, Dudas e todos os marketeiros que chamam desonestidades flagrantes, de espertezas técnicas, ou o Brasil passa de país do futuro, para país do só furo. De um presidente da república espera-se mais do que choro e condecoração a garis honestos, espera-se honestidade em forma de trabalho e transparência. De professores, espera-se mais que discurso de bons modos, espera-se que mereçam o salário que ganham (pouco ou muito) agindo como quem é honesto. A honestidade não precisa de propaganda, nem de homenagens, precisa de exemplos. Quem plantar joio, jamais colherá trigo.
Quando reflexões assim são feitas, cada um de nós se sente o palhaço perdido no palco das ilusões. A gente se sente vendendo o que não pode viver, não porque não mereça, mas porque não há ambiente para isso. Quando seria de se esperar uma vaia coletiva pelo tombo, pelo golpe dado na decência, na coerência, na credibilidade, no senso de respeito, vemos a população em coro delirante gritando “bis” e, como todos sabemos, um bis não se despreza. Então, uma pirueta, duas piruetas, bravo! bravo! E vamos todos rindo e afinando o coro do “se eu livrar a minha cara o resto que se dane”. Enquanto isso o Brasil de irmã Dulce, de Manuel Bandeira, do Betinho, de Clarice Lispector, de Chiquinha Gonzaga e de muitos outros heróis anônimos que diminuíram a dor desse país com a sua obra, levanta-se, caminha em silêncio até a porta, vira-se e diz: “esse é o problema... eu sou o palhaço”.















terça-feira, janeiro 16, 2007

A Inauguração do blog

Confesso que não sou dos maiores ratos de computador, meu laptop tem sido mais usado como uma máquina de escrever chique, do que propriamente como um pc. Tenho evoluído muito e a abertura do meu blog é a prova mais cabal dessa evolução. Eu quase poderia refazer aquele desenho clássico da caminhada humana ao longo das eras e, no final, me colocaria digitando o endereço do meu blog.
Quero que minhas matérias, que já andam bem espalhadas pela net, ganhem agora um reforço. Não farei promessas ao anoitecer, como diria Drummond, mas pretendo manter o endereço com coisas novas, quando não der mais, saímos do ar.
Gosto de pensar que sou o pai da Lei de Zeca, ainda que o Luís Nassif, condene a condenação do pagodeiro. Ele diz que foi só um homem simples que caiu numa cilada de publicitários (acho que ele também tem razão nisso), mas eu creio que caráter é caráter e não dá para ficar abrindo exceções. Senão daqui a pouco todo mundo vira deputado e aí o mundo estará perdido.
Dizem que fazer um blog é uma coisa fácil, eu apanhei mais de hora para conseguir colocar a minha foto. Talvez seja mais difícil do que dizem, talvez eu seja mais burro do que penso. O tempo é senhor de todas as verdades, diria o velho Sêneca. Agradeço ao Elton e ao Raul essa idéia. Eles pariram Mateus, espero que o ajudem a embalar.